Autor: Eng. Gerson Sampaio Filho
Minha primeira participação foi na RIO-92 há exatos 30 anos.Muito trabalho desde então. A COP 1 foi realizada em Berlim em 1995, negociando metas para a redução da emissão de gases de efeito estufa.
Os acordos mais importantes foram o Protocolo de Kyoto (COP3, em 1997), o Acordo de Paris (COP21, em 2015), e o mercado global de carbono, do qual participamos (COP26, Edimburgo, em 2021).
Estudando o que vi na COP 27, decidi fazer um resumo e alertar a todos para a necessidade de participar e tomar ações que possam colaborar para conter o aquecimento global.
Alguém pode achar (ah, o achismo...) que o que está ocorrendo não lhe atinge, veja alguns fatos:
- Acidentes climáticos como enchentes, secas, calor ou frio extremos, elevação do mar , furacões e ciclones já estão perto de você e de sua família.
- Conflitos políticos e econômicos sobre petróleo, poluição e mananciais de água já estão ocorrendo.
-Regiões inteiras sendo invadidas pelo mar, e até países em perigo.
-Poluição gerada em um país chega a muitos outros de forma rápida. Nuvens de poeira já fecham aeroportos, poluição do mar já provocam perdas econômicas e pobreza até nos litorais.
Minha análise da COP27:
Local: Lamborghini International Convention Center, em Sharm el Sheikh – Egito.
Delegações: mais de 200 países.
Principais conclusões:
1-Compromissos anteriores, parcialmente cumpridos, serão acompanhados por comissão internacional com poder de veto de verbas, inclusive metas do Acordo de Paris de 2015 ( manter o aquecimento global em 1,5 graus Celsius).
2- 198 países se comprometeram a acelerar ações de sustentabilidade. Definidos planos mais ambiciosos de redução do uso de combustíveis fósseis, fortalecimento da ação ESG em cada país.
3- Fundo de 100 bilhões anuais. Um comitê de transição formado por 24 países, entre eles três da América Latina e do Caribe, vai gerenciar e acompanhar, relatório a partir da COP28, no fim de 2023.
4- Fundos congelados em represália a países com desmatamento fora de controle (inclui Brasil) : Países desenvolvidos vão liberar gradualmente após analise de grupo internacional. Serão liberados parte dos valores a partir de Janeiro 2023.
5- A União Europeia assumiu um compromisso maior do que o Acordo de Paris, de redução de gases de efeito estufa.
6- A China, país que atualmente é o maior emissor mundial, com quase 30% do total, passará a pagar fundos ESG , ao invés de receber, pois ainda estava classificada pela ONU como país pobre.
7- Houve a introdução de uma nova categoria de energia de "baixas emissões". Isto beneficia em muito a Solar, Eólica e Hidrogênio.
8- Vários países se comprometeram individualmente a atingir a meta de emissões líquidas zero de carbono até 2050. Isso significa reduzir as emissões de gases de efeito estufa ao máximo e equilibrar as emissões restantes.
9- Adesão da Iniciativa Privada cresce desde 1992 na Rio. Líderes empresariais e empresas assinaram uma carta aberta para que governos e empresas cumpram as metas do Acordo de Paris de 2015, para manter o aquecimento global abaixo dos dois graus Celsius até o final do século. 110 assinaturas de CEOs da Nestlé, Dell, PepsiCo, H&M, HSBC, Unilever e LEGO, entre muitos outros.A carta aberta pediu que empresas estabeleçam metas baseadas na ciência e tecnologia, com padrões de relatórios de sustentabilidade.
10- Brasil: Apresentou o Palco Brasil, como nos outros anos, concentrando as ações e apresentando dados e projetos. Meta principal: lutar pelo “desmatamento zero” na Amazônia, o que não aconteceu até agora. Grandes empresas de alimentos do Brasil apresentaram projeto compartilhado para reduzir as emissões de uso da terra em suas operações, inclusive na Amazônia, combater desmatamento ilegal. Participaram ADM, Amaggi, Bunge, Cargill, COFCO International, Golden Agri-Resources, JBS, Louis Dreyfus Company, Marfrig, Musim Mas, Olam International, Olam Food Ingredients (OFI), Viterra e Wilmar International.
11- Estudo dos Compromissos assumidos pelo Brasil em 2021:
- programa Metano Zero , Redução das emissões de metano. Não aconteceu.
- Fundo Clima, financiar projetos, estudos e empreendimentos. Não aconteceu.
- Plano Nacional de Crescimento Verde – PNCV, conservação de florestas e uso racional de recursos. Não aconteceu.
- RenovaBio, uso de biocombustíveis com Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi): Não aconteceu.
Tenho a certeza de que o esforço de todos irá mudar a realidade presente, na esperança de que possamos deixar um planeta viável para nossos filhos e netos.´