Áreas comuns de condominios multiuso: o que está mudando?


Uma parcela significativa dos novos lançamentos imobiliários, notadamente nos grandes centros urbanos, têm levado em consideração as mudanças recentes nos padrões de uso relativos à moradia e trabalho. Algumas destas alterações podem ter surgido em função de normativas urbanísticas, no entanto estas se tornaram menos relevantes em função das recentes questões comportamentais e de conviencia, resultantes não só do periodo de pandemia da Covid-19 como também de situações que rapidamente têm se incorporado ao estilo de vida urbano.

Listamos a seguir alguns destes "novos" usos e espaços que têm sido incorporados, muitos não somente ligados aos empreendimentos multiuso como em projetos unifamiliares, corporativos ou comerciais:

1) Co-working: praticamente um espaço obrigatório, já se colocando como extensão do "home office" e opção às idas e voltas a um local fixo de trabalho.

2) Co-kitchen, bares e cafés: áreas que integram trabalho, lazer, convivencia, muitas vezes incluem equipamentos de selfservice, desde simples cafés até mini-mercados com varias opções de produtos.

3) Espaços fitness: cada vez mais diferenciados, tanto nas opções oferecidas como na necessidade de controle de ocupação; alguns espaços alternativos para terapias, massagens e similares também estão sendo previstos.


4)
Smart Lockers; o aumento considerável nas entregas ligadas ao e-commerce, aliado à redução de funcionários dos condominios, torna esta opção praticamente obrigatória para garantir uma logistica de entrega eficiente, aliada à privacidade e segurança em todo o processo durante 24 horas.

5) Lavanderias coletivas: com unidades habitacionais menores e com uso mais comprometido em novas atividades, as lavanderias coletivas se impõem cada vez mais.

6) Locação de bens de uso compartilhado: meios de transporte como bicicletas e automóveis, além de uso eventual de ferramentas e utensilios, tornam importantes esta opção de locação temporária, trazendo comodidade e economia aos condôminos.

7) Áreas de lazer - rooftop: muitas vezes a necessidade de segregar os usuários de um espaço multiuso, separando por exemplo os moradores de apartamentos unifamiliares dos usuários de áreas comerciais ou de escritório, além de moradores temporários, têm obrigado a arquitetura a criar espaços alternativos de lazer, inclusive em diferentes pisos do edificio. Uma opção cada vez mais frequente tem sido o uso do último piso (roof top) para piscinas, saunas, jardins e áreas de convivencia, potencializado pela possibilidade de uma vista panoramica do entorno.


Talvez estas sejam as principais mudanças que temos observado. No entanto, ainda podemos citar uma série de espaços e serviços que têm sido também implantados nestes novos empreendimentos, sendo alguns deles: salão de beleza, farmacia 24 horas, lavagem de veiculos, cinema de uso coletivo, entre outros.

Em função destas mudanças de grande relevancia o que podemos constatar e que representa um grande desafio para aqueles que atuam nestes projetos?

Em primeiro lugar, a implantação destes espaços está se tornando praticamente obrigatória nos novos empreendimentos, no entanto é importante notar que os edificios em uso serão obrigados, mesmo que gradativamente, a fazer adaptações de uso, os chamados retrofits. Será inevitável a necessidade de projetar e implantar mudanças significativas nas áreas comuns, tanto na sua arquitetura como na adoção de equipamentos e tecnologias atualizados. Gestorescondominiais com esta visão terão sucesso e conseguirão valorizar os seus edificios em relação àqueles que não providenciarem estas ações

Em segundo lugar: será necessário adotar, de imediato, mudanças significativas nos projetos de infraestrutura atuais! Como podemos perceber, certas operações serão criticas neste novo tipo de uso dos espaços coletivos, tais como:

- controle de acesso, não somente em função da segurança necessária como também para garantir praticidade no uso e eficiencia na gestão dos recursos oferecidos aos usuários;

- garantir conforto e segurança para os usuários, através de interfaces simples e integradas. Por exemplo: seria intuitivo obrigar os moradores e usuários a utilizarem diversos aplicativos, um para cada função ou ambiente? Ou dispor de uma plataforma integrada e amigável?

- redes de comunicação e internet pervasivas, ou seja, disponiveis amplamente e em todos os locais, caso contrário o funcionamento de aplicativos e aquipamentos será comprometido

- ambientação de qualidade será obrigatória, isto inclui controle de iluminação (artificial e natural), de climatização, de som ambiente, entre outros. Com uma variedade de usos muito ampla e de diferentes tipos de usuários (moradores, visitantes eventuais, prestadores de serviço e outros), como garantir eficiencia e qualidade sem utilização de sistemas de automação?

Devemos ressaltar ainda que uma porcentagem cada vez maior de condominios estão adotando o modelo de portaria remota, o que reduz significativamente o quadro de pessoal disponivel, obrigando que sistemas programados e monitorados à distancia executem desde funções mais simples (como ligar e desligar luzes em horarios determinados), até acompanhar o funcionamento de itens criticos como o fornecimento de agua, o status de um gerador ou a gravação das imagens das câmeras de segurança. Poderiamos nos estender ainda mais, listando varias outras aplicações. No entanto, mesmo situando a discussão nestes itens acima, já percebemos que a maioria dos projetos de instalações hoje não incluem estes requisitos, o que reforça a adoção de novos conceitos e de um escopo adicional e de extrema relevancia.

Assista tembém este curto video contendo um resumo do que trata este artigo