Certificação verde cresce no país e atinge edifícios residenciais


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O ano passado terminou com recorde histórico de prédios registrados para certificação do Green Building Council (GBC) Brasil, organização que concede os selos Leed, Casa & Condomínio, Life e Zero Energy para construções que cumpram critérios de eficiência operacional e sustentabilidade.

Em 2022, 219 novos projetos se registraram para tentar os selos, 39% mais do que no ano anterior. Foram certificadas 112 construções, ante 92 em 2021.

Os segmentos que têm mais tradição com os selos são o corporativo e de logística, o que continua. No ano passado, 75 prédios de escritório e 41 centros de logística foram registrados para os selos do GBC Brasil, conta Felipe Faria, diretor-executivo da organização.

Mas outros setores estão aumentando o número de prédios certificados. A área de varejo, por exemplo, teve 38 edificações registradas, e houve 17 registros de prédios residenciais. O restante das construções se divide entre datacenters, indústrias, museus, unidades de saúde e laboratórios.

Em Porto Alegre, o edifício Idea Bagé, da construtora Capitânia, foi o primeiro no país a conseguir o selo Casa & Condomínio no nível mais alto, o platinum. A certificação segue parâmetros de conforto térmico, acústico e luminoso, além da eficiência no consumo de água e energia, entre outras medidas.

Lançado em 2020, o Idea tem placas fotovoltaicas suficientes para produzir três vezes a energia gasta nas áreas comuns - o restante vai para os 14 apartamentos, com três suítes e 112 m2.

Há também aquecimento solar para a água dos chuveiros. A água que se condensa dos aparelhos de ar-condicionado é captada e enviada para uma cisterna, onde também se armazena a chuva. A limpeza das áreas comuns e irrigação do jardim usa o reservatório. O prédio tem ainda outras medidas, como arquitetura que aproveita melhor a luz do sol e a ventilação.

Mauro Touguinha, dono da empresa, conta que o prédio custou 6% mais do que um equivalente sem essas características. Para ele, fazer um edifício mais  foi uma forma de se diferenciar. “Se você faz igual ao que todo mundo faz, tem o mesmo resultado”, diz, e fica dependente apenas do preço para vender.

Por enquanto, no entanto, o valor de venda das unidades é similar ao de prédios tradicionais. Touguinha afirma que um desafio ainda a ser vencido é transformar essas inovações em valor.  Já entregue, o prédio tem hoje três unidades disponíveis, com metro quadrado vendido a R$ 14,5 mil.

O caminho para chegar em um prédio sustentável e mais confortável para os moradores começou com uma palestra que viu em São Paulo, de uma empresa que constrói e administra edifícios. “Em 50 anos de vida útil, o custo de manter um prédio equivale ao de outro prédio, então trabalhavam para diminuir o custo de manutenção e ganhavam no longo prazo”, afirma. “Isso ficou na minha cabeça”. Segundo os cálculos do empresário, cada unidade economiza cerca de R$ 9,5 mil ao ano com condomínio.

A empresa tem uma linha de prédios Idea. O Bagé é o segundo e mais completo. O primeiro produzia apenas 30% da energia necessária para as áreas comuns. O terceiro e o quarto edifício estão em construção e devem ter características similares ao antecessor.

Faria afirma que o GBC Brasil tem trabalhado com incorporadoras para ajudá-las a conseguir vender o conceito de sustentabilidade e conforto nos prédios, para transformar essas medidas em ganho financeiro. “Temos frisado que a certificação é consequência, a meta é maximizar eficiência, conforto e sustentabilidade.”

Outra maneira de fomentar os selos em prédios residenciais é via incentivos dos bancos, que financiam as obras. Em junho de 2022, o Santander lançou uma linha com condições especiais para incorporadoras que se registrassem os projetos para obter os selos Casa & Condomínio ou Aqua, da Fundação Vanzolini. Até o momento, quatro empreendimentos utilizam a linha.

Touguinha afirma que a Capitânia não teve acesso a planos diferenciados de financiamento.

Mesmo que haja menos lançamentos de prédios neste ano no médio e alto padrão, mais propícios para conseguirem se certificar, Faria acredita que haverá novo aumento dos projetos registrados para obter os selos.“Tem aumentado a presença do movimento green building nas cidades do interior”, afirma. O selo Leed, comum nos prédios corporativos, está presente em 230 cidades, enquanto o Casa & Condomínio figura em 62.

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